É Dia dos Namorados. E como diz aquela famosa canção de John Paul Young, o amor está no ar (“Love is in the air”). Mas, desde pouco antes da virada de 2019 para 2020, também tem uma outra coisa por aí: é o novo coronavírus, que tem impactado a vida dos enamorados e que agora impactará diretamente na forma de se celebrar a data, a exemplo do que já havia ocorrido na Páscoa e no Dia das Mães. E, além da data, fica a pergunta: Como é namorar em tempos de pandemia?
Há um ano e três meses juntos, Henrique Carporali e Luiza Argenta, de 19 e 18 anos, terão que celebrar de uma forma diferente o 12 de junho. Em Curitiba, onde estudam (ele cursa Direito e ela, Economia), costumavam passar a maior parte do tempo juntos — pelo menos cinco dias por semana, dizem —, embora em residências diferentes. Desde o início da crise do coronavírus, contudo, ambos retornaram para a casa de suas famílias, em Caçador (SC), e aí tudo mudou.
“A gente não vai fazer nada neste Dia dos Namorados porque não dá para sair. Eu até dei uma vacilada, pensei na gente ir numa hamburgueria, mas não dá, né… Meu pai é médico. Colocar ele em mais risco do que já está seria sacanagem”, conta Henrique.
Luiza, por sua vez, mora com os pais, que já são mais velhos e, por isso, tiveram de redobrar os cuidados em tempos de pandemia. “Meus pais sempre tiveram muito cuidado com essas questões de higiene e com essa situação do vírus, fechou ainda mais isso, porque ficamos preocupados por eles serem mais velhos. Não é tão fácil [ficar em isolamento], mas necessário.”
Para superar as distâncias físicas, a saída tem sido apelar para os meios digitais, seja jogando videogame juntos, estudando ou simplesmente conversando. Nesse sentido, o fato de os dois terem muitos interesses em comum (como o estudo de línguas e a vontade de seguir carreira na área de comércio internacional) acaba sendo um grande facilitador.
Mas a pandemia criou outras situações, como aquela em que o casal resolve dividir a moradia durante o isolamento social. O comportamento até ganhou uma denominação: o “corona cuffing”.
Seja para evitar a saudade ou eventuais riscos de contágio que poderiam surgir no deslocamento entre uma casa e outra, muitos decidem dividir o mesmo teto temporariamente. Mas, nos dias atuais, onde é tênue a linha que separa um namoro de uma união estável, garantir que a relação não vire uma dor de cabeça quando — e se – chegar ao fim é primordial. A solução para este impasse já existe e pode ser feita pelos Cartórios de Notas de todo o País: o Contrato de Namoro, agora por videoconferência.
Ato jurídico cada vez mais aceito pelo Poder Judiciário nas ações que visam provar a inexistência de uma união estável, o contrato de namoro pode ser feito entre duas pessoas que querem deixar claro que a relação é apenas um namoro, afastando a possibilidade de que seja considerada uma união estável que possa gerar efeitos patrimoniais e que tenha o objetivo de constituir família ou relação jurídica.
Para realizar o ato por videoconferência, os namorados devem estar com seus documentos pessoais, que serão conferidos remotamente pelo tabelião de notas, assim como ajustarem as cláusulas do documento. O prazo sugerido para vigência do contrato é de um ano, mas pode ser postergado, caso seja de interesse do casal, inclusive determinando a data do início da relação. O contrato de namoro será feito no ato, com rapidez e sem burocracia. O valor da escritura no Paraná é de R$ 174,15, mais o imposto de ISS.
Busca por um par
A pandemia também provocou outro fenômeno. Os sites de busca de relacionamentos viram a entrada de novos clientes ou curiosos disparar. Em alguns casos a alta supera os 100%. São pessoas que antes saiam para paquerar nas baladas mas, com o confinamento social, apelaram para a internet para procurar um romance.
Mas esse comportamento tem outro efeito. As pessoas falam mais. A Par Perfeito realizou uma pesquisa com 1.200 usuários, que revela que 61% dos solteiros entrevistados acreditam que as pessoas estão conversando mais neste período.
Algumas situações novas provocadas com a Covid-19 na internet
Segundo a pesquisa da Par Perfeito, sobre o que buscam em um relacionamento, a maioria respondeu que estão procurando por algo sério (59%), 20% querem uma companhia sem rótulo, 9% desejam se casar, 8% buscam por sexo e 3% estão no app apenas para flertar
A pesquisa da Par Perfeito também quis saber há quanto tempo as pessoas estão solteiras: 25% há menos de um ano, outros 25% estão entre um e dois anos, 21% estão entre três a cinco anos, e 15% estão há mais de 10 anos. Os demais responderam entre seis e nove anos.
A ideia de passar a quarentena juntos virou até slogan de perfis em aplicativos, mostra o portal Babbel: will you be my quarantine? (você quer ser minha quarentena?). Este é um trocadilho com a famosa frase do Dia dos Namorados americano: will you be my Valentine? (você quer ser meu/minha namorado/a?). Até o amado Netflix & chill ganhou nova versão: quarantine & chill (quarenta & chill)
Só no Brasil, houve um aumento de 50% na venda de vibradores e mais de um milhão de itens já foram vendidos durante o período da quarentena, de acordo com dados levantados pelo MercadoErotico.org . A marca de cosméticos sensuais e de sex toys INTT teve um aumento de 20% nas compras online por conta do dia dos namorados e do isolamento
Diante de todas as restrições e do isolamento social por conta da pandemia, 60% dos entrevistados afirmam que vão adquirir os presentes através de e-commerce. Além disso, 20% pretendem realizar suas compras por meio de Instagram e WhatsApp, consumindo produtos do comércio local, segundo pesquisa da plataforma de inteligência e pesquisa da NZN.