Há quem diga que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço. Em tempos de pandemia, entretanto, o corriqueiro gesto de carinho se tornou quase uma raridade. A boa notícia, no entanto, é que já tem gente usando a imaginação para reverter essa situação e conseguir ‘flexibilizar’ as demonstrações de amor. E um dos exemplos disso fica na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Nesta quinta-feira (18), o Bosque Residencial Sênior, localizado em São José dos Pinhais, inaugurou o ‘túnel do abraço’. Com isso, os 13 residentes da casa de repouso, que estão em isolamento rígido desde meados de março, voltaram a ter a possibilidade de um contato mais próximo om seus parentes, com quem vinham mantendo contato apenas de forma remota.
Idealizado por Mylla Jardel, diretora do Bosque Sênior, o túnel, na verdade, é um corredor envolto em vidro. No final desse corredor foi colocada uma cortina de plástico, que separa os visitantes dos moradores, evitando contato direto. Além disso, nessa cortina foram feitas mangas, o que permite às pessoas colocar os braços e trocar afagos sem risco de contágio.
“Foi difícil para eles [idosos] entenderem que a família não poderia vir, até porque os parentes são todos muito presentes e aqui eles podem sair, passam final de semana com os netos, vão para a praia, e de repente não poderiam mais fazer essas coisas”, conta Mylla, recordando os primeiros momentos da pandemia no Brasil. “Quando contei [para os idosos] no final e semana que tinha programado isso, eles se emocionaram. Criou uma novidade e a expectativa de ver a família neste final de semana”.
As visitas aos idosos estão acontecendo, em princípio, em dois períodos, de manhã e de tarde, em três dias da semana: quinta, sábado e domingo. Os encontros no túnel, contudo, ocorrem de forma alternada e agendada, até por conta da necessidade de se higienizar a cortina a cada visita. De toda forma, a novidade foi bem recebida, e tanto por familiares como pelos hospedados.
“Anunciei para as famílias ontem e todas já se prontificaram a vir, dar um abraço. Teve até uma cliente nossa que eu liguei, contei da novidade, e ela começou a chorar. Apesar de estarmos usando todos os meios de comunicação possível (telefone, chamada de vídeo, etc), não há nada como olhar, ver de perto e poder se abraçar”, afirma Mylla.
Ideia simples e carinhosa segue outras iniciativas pelo mundo
A ideia de criar o túnel do abraço, conta ainda Mylla Jardel, diretora do Bosque Residencial Sênior, surgiu há cerca de um mês, quando ela assistiu um vídeo gravado nos Estados Unidos que mostrava uma família que havia criado uma cortina para que o neto pudesse visitar a avó, dar um abraço. “Eu vi, achei emocionante, interessante. Fiquei com uma pulguinha atrás da orelha, queria fazer algo assim”.
O tempo passou, contudo, e a ideia ainda não havia se concretizado. Na semana passada, porém, quando assistia televisão, Mylla viu uma matéria sobre um residencial geriátrico de Gravataí, que havia feito uma cortina do abraço transparente, para que os familiares visitassem os residentes. “Falei ‘pronto, é agora. É a segunda vez que vejo algo sobre. Se eu não fizer, alguém faz no meu lugar”, relata. “Ficou bem bonito. Minha ideia sempre foi aquela coisa do amor, do carinho”, comemora.
Informações BEM PARANÁ