O Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar) publicou na noite de ontem, em sua página no Facebook, um emocionante relato de uma enfermeira que está na linha de frente no combate ao coronavírus, atuando na Santa Casa de Curitiba. A profissionaal, que se identifica como Tete Lee, traz alguns episódios registrados nos últimos dias no atendimento a pacientes com Covid-19 – confira abaixo a publicação na íntegra.

A postagem começa contando sobre uma mulher cujo marido havia falecido na semana anterior. Ela, que também estava internada, foi informada que precisaria ser intubada. Foi quando pediu ao médico que não fizesse isso. “Eu sei que não voltarei”, teria dito a paciente.

“Nesse momento, agradeci por estar de máscara e face shield. Assim, ninguém pode ver as lágrimas que escorriam. Tive que sair, andar pelo corredor sem rumo, respirar e voltar”, escreve a enfermeira.

Ao retornar, a enfermeira notou que o paciente ao lado da mulher que seria intubada chorava. Ela ainda pediu para ligar para a filha, com quem conversou no viva voz, em um possível último entcontro entre as duas.

Mais tarde, outro paciente na mesma enfermaria teve o seu quadro de saúde agravado. “Estávamos ao lado dele, fazendo tudo que podíamos para estabilizar sua pressão. Ele, ainda consciente, perguntou: ‘Posso dormir? Estou com medo de dormir e não acordar'”, relata Tete Lee.

A resposta foi que o paciente poderia dormir, que a equipe médica estaria ali cuidando dele. O homem, entretanto, respondeu que sabia que morreria naquela noite. E estava certo.

“Aquele que chorou pela paciente ao lado agora fechou o olho para não ver o da frente. E com certeza estava pedindo a Deus para que não fosse o próximo. É inexplicável o que estamos vivendo. Jamais seremos os mesmos. Que vírus maldito!”, finaliza o relato.

 

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