Pesquisa inédita realizada pela Conecta – aceleradora que capacita mulheres para atuarem na política – mostrou que o machismo segue sendo o principal impeditivo para entrada das mulheres na política. Para 47,5%, trata-se ainda de uma cultura a respeito do papel feminino na sociedade. A pesquisa foi aplicada entre 1 e 12 de agosto e ouviu mais de 200 mulheres.

A falta de apoio financeiro apareceu em segundo lugar, sendo apontada por 22,5% das entrevistadas. Outra razão apontada foi a visão da política como um meio corrupto (7,5%). Já a falta de segurança para candidatas mulheres durante a campanha e a ausência de apoio de outras mulheres aparecem com 5% cada.

De acordo com a publicitária, mestre em políticas públicas, e idealizadora do projeto, Luana Tavares, a pesquisa mostra como o problema é estrutural. “A maior parte das mulheres que responderam a pergunta entendem que nós não conseguimos adentrar na política por conta de uma cultura antiquada que define um suposto papel da mulher na sociedade. E, na verdade, isso precisa mudar”, destacou.

Luana ressaltou ainda que a política só pode evoluir com o aumento de representatividade, sobretudo, com a ascensão de mais mulheres aos cargos políticos. “É assim que é ou deveria ser a democracia. Precisamos ter representantes de toda a população nos nossos ambientes políticos, onde são discutidas as principais questões do país. Só assim conseguiremos aproximar os governos da sociedade e efetivamente melhorar o nosso Brasil”, argumentou.

O levantamento mostrou ainda que 47,5% das respondentes acreditam ser o melhor caminho para alcançar a igualdade de gênero na política o direcionamento de políticas públicas para participação das mulheres, independente do gênero do legislador. Na contramão, outras 42,5% acreditam ser fundamental aumentar o número de parlamentares mulheres no Congresso. Aumentar o número de mulheres em cargos do poder Executivo foi apontado por 10% das entrevistadas.

Mais da metade das mulheres entrevistadas pela pesquisa disseram que definitivamente não estão bem representadas na política. Foram 57,5% dos votos para esta opção, enquanto outras 30% afirmaram se sentir “não muito” bem representadas. Apenas 12,5% se consideram bem representadas, embora considerem que há espaço para melhora. Ninguém se considerou muito bem representada. 

“Isso é um reflexo estatístico que corresponde a ausência de mulheres nos postos políticos. Nós somos a maioria da população, mas quando vamos ver nossos números dentro de Casas como a Câmara, por exemplo, estamos em torno de 15%”, afirmou Luana.

As cotas para as mulheres são enxergadas como uma excelente opção para promover a inclusão de gênero nas esferas do Poder, de acordo com a enquete realizada:  66,67% consideram uma ótima proposta de política pública, tanto para reservar espaço no Parlamento, quanto para o financiamento da campanha. Outras 12,82% das respondentes acreditam que esta é uma política pública ruim por ser discriminatória.

A principal motivação para se tornar candidata deve ser servir o país. Segundo a pesquisa, 32,5% das mulheres acreditam que este deveria ser o primeiro objetivo das candidatas. Melhorar a vida das mulheres foi apontado por 20% das entrevistadas, assim como melhorar a vida da comunidade de origem. 

Metodologia – O levantamento foi feito usando Survey Monkey apenas com as mulheres que fazem parte do Conecta entre os dias 1 e 12 de agosto. Foram 201 respondentes. E mede apenas a visão do Conecta sobre o papel feminino na política.

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